Versos aromáticos

sem pressa...

gole a gole
sorvem-se:
palavras e cafés

esvaziam-se
para serem transbordados:
de amores, de versos, de sabores

demasiadamente...

olhares displicentes
versos cambiantes

sem pressa
versificam
a manhã

Juliana de Araujo

Voraz felicidade

alheio tão completamente
sismo sozinho
à noite, à noite...

por que às noites?
dedica-se tão-somente
a rir-se de mim
felicidade?

vens à noitinha
quando a esperança
esparsa

dista de mim

onde? aonde?
semearás em mim:
felicidade?

vontade voraz
em mim, em mim...

Versos Noturnos

contemplativa

a pensar nos versos
que não escrevi:
soltos, dispersos
nos olhos de quem
não vi.

O som da aurora

Suscitam-me nestes áureos dias

o ecoar de Deus a voz

no gorjear do bem-te-vi

que alegre e grato chama por mim:

Bem, eu, bem te vi...

faustoso em seu banho matinal

voos furtivos e breves

espreito de minha janela;

e o ecoar de Deus a voz:

bem te vi, bem te vi

no farfalhar das secas folhas

bem te vi... bem te vi...

a orar co'a voz rouca

a voz do coração

nestes áureos dias

em que a ti estendo minha mão

bem te vi, bem te vi

na tua secreta janela.